quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Texto de economia política - 3º semestre

Trecho do artigo: O estado de bem estar social, o estado neoliberal e a globalização no século XXI. Parte II - O estado contemporâneo. Autor: René Dellagnezze.


Jonh Maynard Keynes (1883-1946) - Estado de bem estar Social.

René Dellagnezze.

A denominada escola Keynesiana ou Keynesianismo é a teoria econômica consolidada pelo economista inglês Jonh Maynard Keynes[10] em seu livro General Theory of Employment, Interest and Money de 1936, (Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda),   que consiste numa organização político-econômica, oposta às concepções neoliberais, fundamentada na afirmação do Estado como agente indispensável de controle da economia, com objetivo de conduzir a um sistema de pleno emprego. A teoria keynesiana teve enorme influência na renovação das teorias clássicas e na reformulação da política de livre mercado.
John Maynard Keynes (1883-1946), foi um economista britânico cujos ideais serviram de influência para a macroeconomia moderna, tanto na teoria quanto na prática. Ele defendeu uma política econômica de Estado intervencionista, por intermédio do qual os governos usariam medidas fiscais e monetárias para mitigar os efeitos adversos dos ciclos econômicos, como recessão, depressão e booms. Suas idéias serviram de base para a escola de pensamento, conhecida como economia keynesiana.
A escola keynesiana se fundamenta no princípio de que o ciclo econômico não é auto-regulado como pensam os neoclássicos, uma vez que é determinado pelo "espírito animal" (animal spirit, no original em inglês) dos empresários. É por esse motivo, e pela incapacidade do sistema capitalista conseguir empregar todas as pessoas que querem trabalhar, que Keynes defende a intervenção do Estado na economia.
A teoria keynesiana atribuiu ao Estado o direito e o dever de conceder benefícios sociais que garantam à população um padrão mínimo de vida como a criação do salário minimo, do seguro-desemprego, da redução da jornada de trabalho (que então superava 12 horas diárias) e a assistência médica gratuita. O Keynesianismo ficou conhecido também como “Estado de Bem Estar Social".
O denominado “Estado de Bem Estar Social” era um modelo típico de organização de Estado dos Países capitalistas desenvolvidos, notadamente após o fim da II Guerra Mundial. A função básica desse modelo de Estado consistia em fornecer á sociedade, como direito, remuneração e renda para uma vida digna, alimentação, saúde, segurança e, principalmente educação de qualidade, além de uma consistente infraestrutura de transporte, lazer e cultura.
Assim, o Estado era responsável por garantir a manutenção desses direitos, permitindo-se atuar como agente, de forma direta na sociedade e principalmente na economia. Preocupou-se o Estado em garantir uma distribuição de renda, de modo que todos os indivíduos participassem da riqueza existente.
Marta T.S. Arretech, pesquisadora do NEEP/UNICAMP e Doutora em Ciências Sociais IFCH/UNICAMP[11], sugere as razões para a expansão do “Estado de Bem Estar Social”, iniciado em 1930, definindo assim, duas tendências principais. A primeira tendência é proveniente das condicionantes do desenvolvimento do “Estado de Bem Estar Social”, e decorrem da ordem econômica.  A segunda tendência é decorrente de uma ordem política.
Quanto à tendência da ordem econômica ela apresenta duas divisões.
A primeira divisão refere-se ao “Estado de Bem Estar Social”, como resultado das mudanças ocorridas na sociedade devido ao processo de industrialização nos Séculos XIX e XX.  Assim, a industrialização proporcionou, inexoravelmente, mudanças econômicas, sociais e um excedente de riqueza, razão pela qual, caberia ao Estado transformar essa riqueza em proteção e direitos aos indivíduos à sociedade.
A segunda divisão da ordem econômica do “Estado de Bem Estar Social”, refere-se às necessidades de acumulação e legitimação capitalista. O Estado faz investimentos sociais, que são pagos pela sociedade por intermédio dos impostos. Os investimentos acabam por beneficiar as empresas privadas, já que o processo produtivo, com o avanço da tecnologia, utiliza menos mão de obra e, assim, a mão de obra excedente será suprimida pelo Estado por intermédio de uma renda mínima, tanto no campo social como campo econômico.
A segunda tendência do “Estado de Bem Estar Social”, para a expansão do Estado, é decorrente da ordem política, e surge em três perspectivas.
A primeira perspectiva é o resultado de uma progressiva ampliação dos direitos dos cidadãos, começando com os direitos civis, passando pelos direitos políticos e, finalmente pelos direitos sociais.
A segunda perspectiva está baseada em um acordo entre o capital e o trabalho organizado. Assim, os empresários, possuidores do capital, e os trabalhadores, possuidores do trabalho organizado, passariam a demandar do Estado, políticas sociais para corrigir os problemas surgidos do acordo estabelecido entre essas duas partes.
Finalmente, a terceira perspectiva, afirma que o modelo do “Estado de Bem Estar Social” é o resultado de configurações históricas particulares de antigas estruturas estatais e instituições políticas. Ou seja, a capacidade estatal para se criar políticas sociais é diretamente proporcional à autonomia do Estado.
Milton Friedman (1912-2006) - Estado NeoLiberal.
Por outro lado, o denominado “Estado Neoliberal” surgiu nos idos de 1960, tendo como marco inicial a publicação do livro Capitalism and Fredoom (Capitalismo e Liberdade), lançado no ano de 1962, por Milton Friedman.
Milton Friedman (1912-2006)[12]  foi um dos mais destacados economistas norte-americano do Século XX e um dos mais influentes teóricos do liberalismo econômico. Principal apóstolo da Escola Monetarista  e membro da Universidade de Chicago, era defensor do laissez faire (deixai fazer, deixai ir, deixai passar) e do mercado livre. Friedman foi conselheiro do Governo Chileno de Augusto Pinochet (1973-1990) e muitas de suas idéias foram também aplicadas na primeira fase do Governo Richard Nixon (1968-1974), e, em boa parte do Governo Ronald Reagan (1981-1988), nos EUA.
Na obra “Capitalismo e Liberdade”, publicado em 1962, em plena Guerra Fria, Friedman tece as bases do seu pensamento, argumentando que a liberdade econômica é uma condição essencial para a liberdade das sociedades e dos indivíduos.
Embora Friedman jamais tenha endossado a violência política e a supressão de garantias e liberdades individuais, os socialistas do mundo inteiro equivocadamente o associaram aos crimes da ditadura chilena. Em 1976, quando ele recebeu o Premio Nobel de Economia, em Estocolmo, organizaram-se protestos na Suécia e em diversas partes do mundo.
Hoje, o Chile, apesar de ser governado por uma coligação de esquerda, não abandonou muitas das prescrições liberais de Friedman e o País segue conjugando liberdade com prosperidade, e é um dos mais desenvolvidos América Latina, além de realizar o julgamento daqueles que perpretaram e participaram da ditadura de Pinochet, tentando assim,  corrigir injustiças históricas.
O “Estado Neoliberal”, teoria defendida por Frideman,  é uma forma de organização econômica que teve apoio na década de 1970, em face da crise do petróleo, quando se alegava que o denominado “Estado Keynesiano” ou o “Estado de Bem Estar Social”, havia se transformado num Estado estatizante, coletivista e demasiado grande. A redução do tamanho do Estado é medida que se impõe, de modo que este deveria ter um papel rigorosamente limitado, notadamente  dimininuindo sua influência na sociedade e na economia.
Friedman[13] afirma que a liberdade econômica constitui requisito essencial da liberdade política, permitindo aos individuos cooperarem entre si, sem coerção ou direção centralizada, reduzindo a área sobre a qual é exercido o poder político. Além disso, dispersando o poder, o mercado livre proporciona um contrapeso a qualquer concentração do poder político que porventura venha a surgir. A combinação de poder político e econômico nas mesmas mãos constitui receita certa de tirania.
Vale dizer, a liberdade dos indivíduos se encontra dentro do campo da economia, como expressão maior, sendo realizada pelo livre mercado. No campo político o poder não é efetivamente distribuído, ficando, na realidade, nas mãos de poucos e, esses, poderão abusar desse poder, prejudicando assim, os demais indivíduos. Nesse sentido, caberá ao Estado se afastar da economia e permitir que a mesma funcione de forma independente, sem a influência de ninguém, além do consumidor individual como principal ator do livre mercado.
No livre mercado os indivíduos se relacionam entre si e com o mercado, na expectativa de benefícios recíprocos, o que lhes garante a liberdade. Na perspectiva de que o mercado conseguisse se tornar a principal esfera de atuação individual estaria assegurado à sociedade civil, a possibilidade desfrutar dos bens materiais sem qualquer tipo de coerção, já que esta é oriunda da esfera política representada pelo Estado.
A vantagem do livre mercado é que ele dispersa o poder econômico, impedindo sua concentração em grandes unidades que possuam mais poder ou mais informação que as demais. O livre mercado também diminui as disputas sociais e políticas, pois cada um pode se expressar neste ambiente como bem entender, sem a necessidade de uma conformidade coletiva. Por fim, ao limitar a expressão governamental, o mercado impede a concentração do poder, favorecendo a democracia, na medida em que as pessoas poderão agir de acordo com suas vontades individuais e poderão escolher sem a coerção de um agente superior representando a política pelo Estado.
Friedman se posiciona contrário a qualquer política de subsídios e incentivos de créditos ou fiscais, que afeta o dispêndio público. Ele ressalta os inconvenientes de políticas paternalistas e de programa assistenciais, como seguro social, programa de habitação, salário mínimo, assistência médica gratuita, entre outros. Reconhece o objetivo humanitário de medidas que visem ao bem estar social, todavia, considera imprópria a adoção desses programas, pela ineficácia e pela injustiça social que provocam. Relativamente à aposentadoria, defende que a sociedade deve-se preparar cada vez mais para a velhice, e para tanto, deverá constituir uma poupança, propriedades ou fundos de pensões, que lhe garanta segurança, independentemente das políticas sociais do Estado.
No “Estado Neoliberal”, o predomínio de mercado estimularia o aumento da qualidade dos bens produzidos pelas empresas, já que, sem a proteção do Estado, a disputa entre elas, é realizada de forma direta, com o objetivo de atingir o consumidor. Assim, objetivando vender cada vez mais, as empresas buscariam melhorar constantemente os seus produtos, de modo a não ser ultrapassadas pelas concorrentes. No “Estado Neoliberal”, as privatizações são essenciais, pois é pensamento comum, que considera que as empresas estatais são ineficientes, não prestando um bom serviço à população, na medida em que os lucros não compensam as despesas para a manutenção de tais empresas.

Bibliografia:

 DELLAGNEZZE, René. O estado de bem estar social, o estado neoliberal e a globalização no século XXI. Parte II - O estado contemporâneo. Disponível em: 

http://www.ambito-juridico.com.br/site/?_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12618. Acessado em: 15/08/14

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